Tenho medo de deixar de ser triste. É o que eu sempre fui. Tenho medo de encontrar a felicidade e não saber desfruta-la. Medo de ficar perdida sem a minha tristeza, e mesmo feliz vou me sentir vazia. Deixar de ser triste é o mesmo que deixar de ser quem eu sou. Se eu não tiver tristeza inundado o peito, o que vou ter? Tenho medo, sem tristeza vou me perder, não vou saber o meu próximo passo, não vou nem saber quem eu sou. Tenho medo de deixar de ser sozinha, ando me acostumando a chorar sozinha, a contar só comigo, a me abraçar, me consolar e dizer a mim mesma para seguir em frente. Esse é meu pior medo, deixar de ser só e passar a contar com as pessoas, criar expectativas em cima delas, eu já passei por isso, eu já contei, já precisei de tanta gente e só pude contar comigo mesma. Tenho medo de deixar de ser triste, de ser só.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
É uma droga ser obrigada a sair de casa todos os dias. O problema não é exatamente o sono, mas o desamino de olhar para o sol e querer o dia nublado. O dia nublado parece mais com o que está dentro de mim. Angustiante lembrar que vai encontrar as mesmas pessoas que já não suporta mais ver. Viver mais um dia estressante e carregar na costas todo o lixo que o mundo depositou em você. Acordo todos os dias me odiando por sempre reclamar e isso me deixa cada vez mais infeliz. Odeio todas as vezes que não estou satisfeita. Odeio chorar baixinho por que não deu certo, porquê quebrei a cara ou porquê era para eu acertar e eu errei. E a vida, coitada, não tem nada a ver com isso. A frase do dia foi “você é louca“. E ser louca é menos que ser agradável. Ser louca deixou de ser um estado psicológico. A diferença virou loucura . As vezes eu sou injusta, muitos andam do meu lado, eu sei que muitos me querem bem, eu tenho amigos, família, companheiros, mas essa sensação de esta sempre só, solta, sem apoio não me larga. E essa sensação dói demais, e me da panico só de pensar que sempre vou me sentir assim. Essa é minha realidade, me sentir sozinha. Rodeada por pessoas ou isolada no escuro do meu quarto, a sensação é a mesma. E dói… Já tentei me convencer que não sou só, que tenho muitos amigos e uma ótima família, e isso não entra na minha cabeça. Não consigo entender o qe a solidão quer comigo, não entendo o que a vida tem preparado para mim. E me dói pensar que essa sensação nunca iria me largar. As pessoas acham que ando deprimida. Não vou desmentir, prefiro deixar assim, é até bom. Os deprimidos podem agir de modo esquisito e não precisam justificar suas bobagens o tempo todo. Ela é uma deprimida, quem se importa? Recebam meu recado: eu até que estou indo bem. Somente descobri que, no momento agora, só consigo ir com as caras que nunca mais verei, só consigo me apaixonar pelo que assumidamente é feito de pó. Não faça como o resto da cidade, não ultrapasse meu semáforo depois que já fechou. A pressa é inimiga da direção. E a gente se vê, ainda. Promessa. E eu tenho tentado dormir demais, querendo me congelar para o futuro melhor. Mal sei aproveitar a alegria. Já a tristeza, sinto cada aperto, cada dor que insiste em me perturbar. Tristeza é o meu melhor mau. Penso tanto quando estou triste, me sinto até uma pessoa melhor. Se engana quem acha que tristeza não faz bem. Eu leio muito, escrevo, aprendo muito, choro demais, fico na minha cama o dia todo pensando o porquê dessa vida ser tão otária. Eu sei que não funciono direito, não tenho concerto. Não adianta tentar me consertar, eu nunca vou funcionar do jeito que você quer.
você nunca vai entender- Mika Sampaio
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Hoje cedo, por volta das quatro e pouco da manhã… Levantei da cama em meio aquele silêncio absoluto. Caminhei até a parte mais alta da casa e fiquei lá, perplexa, sentindo o vento acariciar meu rosto, sabendo que ele não levaria a angustia que eu senti ali. De alguma forma, eu pressentia que você estava perto, em algum pedaço desse imenso mundinho. Comecei a pensar em meio a um cenário urbano em um dos seus poucos momentos de paz. Me peguei sorrindo escondida de mim, droga, lá foi mais uma demonstração afetuosa me deixando com cara de idiota naquele frio. Eu surtava enquanto tentava esquecer. Às vezes ali, eu me sentia triste, e tentava me jogar em outra realidade, mas se eu abro uma porta… despenco no mesmo lugar. É inevitável. Em uma fração de segundos, cheguei a cogitar se você também estava na parte mais alta da sua casa fazendo esse terrorismo. Ingenuidade nunca foi meu forte, mas isso se tornou um incentivo pra continuar levantando nessas madrugadas. E por mais inútil que seja, isso te trás pra perto de mim. Então eu voltei pra cama, e fiquei lá acordada por uns vinte ou trinta minutos até pegar no sono outra vez. Acho que sou a única pessoa do planeta que acorda pra sonhar.
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